RESUMO:
O artigo aborda o problema que os professores encontram dentro do
espaço escolar de maneira particular, relacionando com o filme
“Adorável Professor”.
Enfatizando os limites e as particularidades desse ensino em relação
às instituições tradicionais públicas e privadas.
Desenvolvimento: Em
meio ao justificado otimista com o ritmo de crescimento da economia
brasileira, ecoa em numerosos setores de atividade o alerta de que
estão faltando recursos humanos qualificados nesse mercado tão
exigente. Observa-se que a falta abrange profissionais como
professores universitários. O grande desafio para graduarmos mais
profissionais é melhorar a qualidade do Ensino Fundamental
obrigatório de nove anos. Esse é o grande alicerce, sem o qual não
formaremos professores qualificados que necessitamos. Hoje com as
recentes mudanças estabelecidas pelo governo, a criança ingressa no
primeiro grau aos seis anos. No total permanecem 12 anos no Ensino
Fundamental e no Médio. Entretanto, o Brasil tem negligenciado a
educação, que foi perdendo qualidade ao longo do tempo. A partir da
década de 90, a questão de ofertas de vagas, é suficiente para
atender a demanda de novas matrículas. Entretanto, ainda há muitos
alunos fora da escola, principalmente na Educação Infantil e no
Ensino Médio.
Segundo Paim, a
formação do professor de História se processa ao longo de toda sua
vida pessoal e profissional, um processo contínuo. Entretanto, e
sobre tudo na formação inicial nos cursos superiores de graduação,
que os saberes históricos e pedagógicos são mobilizados e
problematizados. Trata-se de um importante momento de construção de
identidade.
Na perspectiva do
fazer-se professor, entendemos formação como processo contínuo,
que ocorre ao longo de toda uma vida e não apenas num dado momento
ou lugar (PAIM, 2007 p.162).
Percebemos que isso
ocorre com o professor Holland, o protagonista do filme “Adorável
Professor”, ele não fez o magistério, mas sim uma formação
apenas para compor seu currículo, pois não estava em seus planos
dar aula. Mas, quando que por necessidade, ele foi “parar” numa
sala de aula, e com o passar dos tempos, ele observou que seus alunos
não estavam obtendo rendimento, o professor percebeu a necessidade
de mudar seus métodos avaliativos. Com essa reflexão, se dedicou a
transformar a prática pedagógica em uma atividade prazerosa, se
tornando professor ao longo do tempo. A partir dessa postura
realmente educativa o desempenho de seus alunos melhoraram.
Paim critica os PCNs
e NDB, pois controla os professores. O professor tem muita
responsabilidade e pouca ou nenhuma autonomia. Isso se percebe no
filme “Adorável Professor”, quando o protagonista do filme, o
professor de música, depara com os desafios de ensinar em uma escola
tradicional. Percebendo o pouco rendimento de seus alunos, ele muda
sua maneira de avaliar, perguntando os alunos que tipo de música
mais gostavam, todos respondem que é o Rock. Ele passa então, usar
o Rock para ensinar, pois para ele o que importa é o bom aprendizado
dos alunos. Apesar da melhora do desempenho, ele é questionado pelos
dirigentes da instituição.
Segundo Fonseca, o
professor deve pensar sua matéria como um saber disciplinar que vai
orientar na “formação da consciência histórica do homem”, que
é um sujeito que vive em uma sociedade desigual. O professor assim
como seus alunos, também deve ter em mente que a relação entre
ensino e aprendizagem os faz lutar para subverterem as barreiras
impostas devido às diversas culturas e sociedade, etc. “ ‘Deve’
ter a capacidade de interdisciplinarizar, de integrar, de incluir:
negros, índios, pobres, homossexuais, portadores de deficiências
físicas, mentais e outros” (SILVA e FONSECA, 2007 p.45).
A partir do
reconhecimento e valorização da multiculturalidade pelo professor,
esta passa a apresentar como um espaço de inclusão e resgate de
identidade e culturas múltiplas tão esquecidas pela imposição da
cultura, da elite dominante. Ou seja, o “multiculturalismo” busca
tolerância e o respeito pelas diversidades e pela diferença entre
as inúmeras culturas e modos de vida existentes.
Ficou claro no filme
que depois da avaliação sobre sua maneira de ensinar, o professor
Hollad, do filme “Adorável Professor”, percebendo que não
estava tendo rendimento satisfatório com a turma, ele torna mais
sensível as dificuldades dos alunos, nesse momento ele se encontra
como professor, passando a ver que todos são capazes de desenvolver
suas habilidades, respeitando as diferenças. Ao interagir com o
colega, o professor de Educação Física, ocorre à
interdisciplinaridade, ele cresce não só como professor, mas também
como ser humano, sendo capaz de considerar o potencial das pessoas,
respeitando suas escolhas. Isso fica claro quando ele ensina o aluno
a tocar tambor, para que não perdesse a vaga no time de futebol
americano.
É preciso que os
professores saibam valorizar as diferentes culturas existentes na
sociedade, propondo o diálogo e o exercício da cidadania. O filme
analisado propõe essa valorização que é necessário que o
professor persista enfrente todas as dificuldades, seja de falta de
atenção dos alunos, ou mesmo dificuldades para enfrentar a rigidez
dos currículos das escolas tradicionais. Mesmo sendo desvalorizados
é preciso ajudar na formação de cidadãos críticos, que saibam
reivindicar seus direitos, não ficando a mercê das classes
dominantes.
A escola trabalha
pela transformação da sociedade, ao mesmo tempo trabalha como
processo de transmissão de cultura, objetivando formar indivíduos
capacitados para a construção de uma melhor sociedade. E nós
percebemos isso no filme quando o professor depara com a dificuldade
de uma de suas alunas, ele não mede esforços para o seu melhor
desempenho, contribuindo não só com a formação discente, mas
também como indivíduo, fazendo com que a aluna não desista, mas
encare seus obstáculos, mudando sua vida, preparando-a para uma
maior interação e aceitação na sociedade, tanto que foi muito bem
sucedida, tornou a governadora. Contudo, nunca esqueceu a importância
do seu professor, deixando isso claro no discurso emocionante que fez
quando seu professor foi demitido, por motivos de cortes, devido às
dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição.
Adriana Maria de
Souza Zeerir aponta a pesquisa como um caminho a renovação do
trabalho do professor-historiador. Levar a prática da pesquisa
historiográfica para a sala, estimular professor a desenvolver
pesquisas através de material criado por ele próprio, como
apostilas, textos e livros didáticos. Num segundo momento do filme,
o professor Holland, também estimula seus alunos a fazer pesquisas
nas horas vagas. Isso só ocorreu porque ele é um professor
educador, que se preocupa com o aprendizado de seus alunos.
O professor “deve”
ser um pesquisador, pois através do conhecimento adquirido, ele tem
autonomia para questionar, para acrescentar ou retirar conteúdos dos
currículos das instituições tradicionais, para a melhor formação
do aluno, como fez o professor Holland, quando substituiu a música
tradicional pelo Rock, objetivando melhora no desempenho de seus
alunos.
A partir dos
conteúdos trabalhados e do filme “Adorável Professor” nos deixa
claro que a escola que dispõe de livros diversificados e flexível
as diferentes necessidades das formas de organização da prática
pedagógica, professores de boa formação, juntos tornam aliados
contra a rigidez dos currículos das escolas tradicionais, oferecendo
aos discentes novas oportunidades de interação e aceitação na
sociedade.
Portanto, faz-se
necessário uma maior atuação dos professores de História junto às
instituições de ensino, para que levem novas maneiras de se
trabalhar a História e promover a conscientização dos educandos
para torná-los críticos, em condições para lutar pela superação
das desigualdades e pela transformação da sociedade.
ROSANE FERREIRA
BORGES RODRIGUES
Universidade Federal de Goiás
Curso de História (Licenciatura)
BIBLIOGRAFIA
LUCKESI,
Cipriano
Carlos. Filosofia da Educação.
São Paulo: Cortez, 1990. Coleção Magistério, 2º grau.
PAÍM,
Elias Antônio. Do
formar ao fazer-se professor.
In: Monteiro, Ana Maria. Gasparello, Arlette Medeiros. Magalhães,
Marcelo de Souza (orgs). Ensino de História: Sujeitos, Saberes e
Práticas. Rio de Janeiro, 2007.
SILVA,
Marcos Fonseca Guimarães. Tudo
é História: o que ensinar História no século XXI – em busca do
tempo entendido.
Campinas, SP: Papirus, 2007.
STEPHEM,
Herek. Filme:
Adorável Professor. EUA,
ANO: 1995.